Na terra de gigantes

Brasil e Argentina são os grandes gigantes do futebol sul-americano. Mesmo com o êxodo dos principais jogadores para a Europa, os dois países mantiveram a hegemonia no futebol de clubes do continente. Das últimas 21 edições da Libertadores, apenas três terminaram com equipes oriundas de outros países como campeãs: Olimpia, em 2002, Once Caldas, em 2004 e LDU, em 2008.

Na atual edição do maior torneio continental, há muitas possibilidades de que o cenário se mantenha. Os clubes brasileiros em particular têm muito mais investimento que os seus rivais nos países vizinhos, e têm boas chances de ao menos colocar um representante na final. Mas a verdade é que as coisas não serão fáceis.

As dificuldades dos clubes brasileiros e argentinos para assegurar seu papel central no continente não aparecem na tabela de classificação. Das seis equipes brasileiras que disputam a Libertadores, cinco estão na zona de classificação. A única exceção é o Palmeiras, que assumirá o segundo lugar caso vença o Tigre na próxima partida (Libertad e Sporting Cristal já jogaram na rodada). Entre os argentinos, apenas Arsenal e Tigre estariam eliminados hoje. Algo absolutamente normal, já que são clubes pequenos e sem ambições no torneio.

O problema é outro: a dificuldade que as equipes dos dois países têm encontrado para se impor frente aos rivais. O caso argentino é mais flagrante: Boca Juniors e Newell’s não têm conseguido mostrar superioridade frente aos concorrentes, e só entraram na zona de classificação nesta semana, após vitórias dificílimas fora de casa. Arsenal e Tigre estão na briga, mas por ora ficariam de fora. Apenas o Vélez parece caminhar para uma classificação sem sustos.

Entre os representantes brasileiros as coisas não estão muito melhores, à exceção do Atlético/MG, que vem sobrando no torneio. A única outra equipe do país que lidera sua chave é o Fluminense, apenas um ponto à frente do terceiro colocado da chave, sem nenhuma "gordura" acumulada. Grêmio e São Paulo estariam classificados hoje apenas pelos critérios de desempate. O Corinthians parece marchar rumo a uma classificação sem maiores sustos, mas está em segundo lugar em seu grupo.

Enquanto isso, outros países vêm mostrando sua força. Os paraguaios lideram duas chaves, com Olimpia e Libertad, ficando o Cerro Porteño, ainda sem nenhum ponto, como a grande decepção do país. Os mexicanos despontam com o surpreendente Tijuana liderando o grupo do Corinthians, enquanto o Toluca segue vivo na duríssima chave que também inclui Boca Juniors, Nacional e Barcelona/EQU. Mesmo o fraco Peru mostrou suas armas, com o Garcilaso liderando seu grupo, enquanto o Sporting Cristal eliminaria o Palmeiras, caso a primeira fase terminasse hoje.

Argentina e Brasil têm tudo para manter a hegemonia continental, absoluta nas últimas duas décadas, em particular após o declínio dos gigantes uruguaios. Mas as dificuldades enfrentadas pelos representantes dos dois países mostram muito claramente: a Libertadores é um torneio duríssimo e equilibrado. Não há clubes com capacidade de investimento vagamente próxima à dos gigantes europeus, o que torna tudo mais equilibrado, nivelado e imprevisível. Dando ao torneio seu maior charme, em conjunto com a força e a tradição dos grandes clubes do continente.

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