Um exemplo à inglesa

"Tive o tempo para construir um clube, não uma equipe". A frase de Alex Ferguson representa a 'era' de vitórias do treinador escocês à frente do Manchester United. As honrarias e elogios, merecidos, estão espalhados por todos os jornais. A frase do Sir. Ferguson, todavia, destoa da visão atual do futebol brasileiro sobre os técnicos. Serve de exemplo para um país em que manter o técnico no cargo por muito tempo é contradizer a cultura nacional.

De acordo com levantamento realizado pelo portal Esporte Interativo, os principais clubes brasileiros trocaram, no mínimo, 40 vezes de técnico ao longo dos 27 anos da era Ferguson. As multas por rescisão de contrato, salários impagáveis por pouco tempo de trabalho e acordos 'loucos' são normais ouvir nos corredores dos grandes clubes do país. Esse problema brasileiro se contrasta com o fato de nenhum clube ter a 'hegemonia' do Manchester United.

Será o problema dos técnicos? Não. Comparando títulos versus o número de técnicos, percebemos que o caso tem exceções. São Paulo, com 40 treinadores, é o time que menos trocou de técnicos entre os grandes e encaixa na regra. A maioria dos títulos veio em tempos de continuidade (nas eras Telê e Muricy). Mas o terceiro que menos trocou foi o Vasco, com 51, que foge à regra. As suas principais conquistas, todavia, não se concentraram nesta época.

No caso dos mineiros percebemos que a regra também não se aplica. Os grandes de Minas nunca mantiveram técnicos por longos anos. O Galo é sexto, com 59 trocas. A Raposa, quarta, com 62. A disputa regional, no entanto, depende mais das equipes do que do comando. Se até 2010, o Atlético trocava mais e brigava para se manter na elite, hoje, o Cruzeiro assume a nova realidade, aproximando-se do alto da tabela entre os que mais trocam.

Os números, frios, causam incerteza. Mas, Ferguson quebrou todos eles. Plantou uma certeza nos torcedores dos Red Devils: termina uma era. A era de um homem nomeado, pela rainha, como Sir, uma era dos títulos e glórias.

A era do United... De Ferguson.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário