Hegemonia em risco?

Tiago de Melo

Terminou a fase de grupos da Copa Libertadores, e o Brasil teve seu pior desempenho desde a edição de 2002. Naquele ano, apenas Grêmio e São Caetano avançaram para os mata-matas. Desta vez, Grêmio, Atlético/MG e Cruzeiro chegaram às oitavas de final, enquanto Flamengo, Atlético/PR e Botafogo ficaram pelo caminho.

O pífio desempenho pode resultar no fim de uma excelente sequência de resultados dos times brasileiros na competição - desde 2004 não ocorre uma final sem a presença de uma das nossas equipes. Naturalmente, um eventual insucesso neste ano não significará que a 'hegemonia' brasileira chegou ao fim. Mas merece reflexão.

Inter, em 2010: início da hegemonia
(Créditos: Lucas Uebel/Vipcomm)

Atlético/PR e Flamengo, a rigor, não tinham um elenco de qualidade para enfrentar a Libertadores. Chegaram ao torneio de modo surpreendente, e muito em função de uma temporada em que várias equipes, como Inter, Corinthians, Fluminense e São Paulo decepcionaram. Times que gastaram muito com atletas decadentes e de qualidade duvidosa. Ou que usaram o aumento das receitas para pagar mais e ter os mesmos jogadores. Essa incompetência administrativa teve como resultado o aumento dos gastos, sem contrapartida em campo.

O trio da esperança...

Após metade dos representantes do Brasil ficar para trás, as chances de sucesso do país estão concentradas em Grêmio, Cruzeiro e Atlético/MG. E nenhuma dos três clubes deverá ter vida fácil nas oitavas. Os adversários estão distantes de serem grandes 'potências', mas tampouco serão rivais fáceis de serem batidos.

Campeão mineiro, Cruzeiro quer o tri
(Créditos: Gualter Naves/Light Press)

Ao Grêmio coube o San Lorenzo, atual campeão argentino. O time trocou de treinador no início deste ano, e o elenco ainda busca se acostumar ao estilo de Edgardo Bauza, bem diferente de seu antecessor, Juan Antonio Pizzi. O novo técnico aposta em mudanças constantes na escalação e no estilo de jogo, o que vem se traduzindo em uma temporada irregular. A equipe mescla jovens promissores, como Villalba e o ótimo Correa, com jogadores mais experientes, como Piatti, Ortigoza e Mercier. O Tricolor é levemente favorito, mas deve ter grande dificuldade para superar o Ciclón de Almagro.

Favoritismo celeste

O favoritismo da Raposa em relação ao Cerro Porteño é um pouco maior, ainda que isso não necessariamente signifique duelos fáceis. O Azulgrana costuma ser muito forte em casa, empurrado pela sua fanática torcida. O elenco mistura atletas experientes, como Güiza, Corujo, Bonet, Mareco e Dos Santos (ex-Grêmio e Atlético/PR), e outros mais jovens, como Óscar Romero, Benítez e Ángel Romero. O treinador é Francisco Arce, ídolo de Grêmio e Palmeiras nos tempos de atleta.

Guilherme: nome do Galo de Autuori
(Créditos: Bruno Cantini/Atlético-MG)

No caminho do Atlético/MG aparece o imprevisível Atlético Nacional. Os colombianos se qualificaram após a vitória surpreendente sobre o Newell's Old Boys, em Rosário. O clube atua dentro do clássico estilo colombiano, com muita técnica e movimentação, e uma defesa pouco sólida. Sherman Cárdenas, talentosíssimo meio-campista, é o nome a ser marcado. Caso consiga neutralizar ou, ao menos, minimizar os danos das ações ofensivas do Nacional, o alvinegro será 'franco favorito' para avançar às quartas da Copa Libertadores.

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