Campeão do estadual em 1964, Esporte Clube Siderúrgica foi
primeiro time mineiro a disputar torneio nacional no estádio

Vinícius Dias

O triunfo sobre o América, por 3 a 1, em 13 de dezembro de 1964, selou um dos capítulos mais gloriosos da história do Esporte Clube Siderúrgica, de Sabará. Sob o comando do folclórico técnico Yustrich, a equipe azul e branca conquistou naquela ocasião seu segundo título estadual. "Quando tinha jogo do Siderúrgica, o estádio (Praia do Ó) ficava cheio. A torcida adorava o time", rememora com saudosismo o ex-ponta-direita Silvestre Martins, autor de um dos gols do jogo.


Embora a comemoração oficial, na sede do Cravo Vermelho, em Sabará, tenha ficado restrita a atletas, dirigentes e comissão técnica, a mobilização da cidade para o duelo decisivo - empate daria o título ao América - ainda mexe com as lembranças do público. "Quando acabou a partida, teve uma procissão no caminho em que o ônibus passaria. Estava escurecendo. Da entrada da cidade até o estádio, todas as casas tinham uma vela acesa", conta Anita Fernandes, esposa de Silvestre.

Silvestre: implacável frente ao goleiro
(Créditos: Arquivo Pessoal/Silvestre Martins)

Com o título, o Siderúrgica garantiu vaga na Taça Brasil de 1965, sendo o primeiro mineiro a disputar uma competição nacional no recém-inaugurado Mineirão. No dia 29 de setembro, o time sabarense venceu o Atlético/GO, por 3 a 1, diante de 3.577 torcedores, que proporcionaram uma renda de Cr$ 3.544.500,00 no Gigante da Pampulha. Com o resultado - somado à vitória na ida, em Goiânia, por 3 a 0 -, a equipe avançou para a final da Zona Sul da competição.

Dois períodos distintos

Lesionado, Silvestre não atuou na semifinal em Belo Horizonte e também desfalcou o time no duelo de ida ante o Grêmio, quando o Siderúrgica foi derrotado por 3 a 1, no estádio Olímpico, em Porto Alegre. "Meu primeiro jogo oficial no Mineirão (o ex-avante disputou o amistoso de inauguração do estádio) foi na volta, contra o Grêmio", destaca ao Blog. Na ocasião, 11.857 torcedores assistiram ao empate por 2 a 2, que selou a eliminação dos mineiros.

Ex-ponta, em 1964, em ritual pós-título
(Créditos: Arquivo Pessoal/Silvestre Martins)

Nos anos seguintes, o Siderúrgica entrou em declínio. Depois de perder o comandante Yustrich e alguns dos destaques do elenco campeão, o time conquistou apenas 12 pontos no Campeonato Mineiro de 1966 e acabou rebaixado ao Módulo II. Em 1967, sem o apoio do antigo patrocinador, o clube encerrou as atividades profissionais, que foram retomadas somente na década de 1990, mas sem o mesmo sucesso do passado. "Dá muita saudade", confessa Silvestre.

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