Em exclusiva ao Blog Toque Di Letra, treinador mineiro comenta
segredos que culminaram no terceiro acesso à Série B em 11 anos

Vinícius Dias

Substituto de Julinho Camargo, Ney da Matta assumiu o comando do Boa Esporte em junho, com a equipe em sexto lugar no grupo B do Campeonato Brasileiro da Série C. Passados quatro meses e 14 partidas, o ipatinguense, de 51 anos, tem motivos de sobra para comemorar. "Quando cheguei aqui, eu não conhecia quase ninguém. No primeiro jogo, contra o Tombense, os jogadores me passaram muita confiança. Vi que era um grupo que sabia o que queria, unido. É um time operário", exalta o treinador, em sua quarta passagem pelo clube, a terceira em Varginha.


Os números impressionam: 76,2% de aproveitamento, com nove vitórias e cinco empates em 14 jogos, culminando no acesso à Série B. "Deus tem abençoado muito tudo o que aconteceu aqui", afirma. Depois de cumprir o principal objetivo, Ney se permite sonhar alto. Com o segundo ataque mais efetivo - média de 1,48 gol por partida - e a melhor defesa da competição - 13 gols sofridos em 23 jogos -, o time boveta está em vantagem na final. "Vamos entrar campeões. Mas o mais importante é sair".

Ney soma 14 jogos de invencibilidade
(Créditos: Asscom Boaec/Gianluca Silva)

O duelo decisivo contra o Guarani acontecerá neste sábado, às 18h45, no estádio Dilzon Melo. Na ida, no Brinco de Ouro da Princesa, empate por 1 a 1. "O Guarani é um adversário difícil, tem uma camisa pesada e tradicional no futebol brasileiro. Nós não podemos sentar na vantagem, achar que 0 a 0 é bom e só defender. Esse nunca foi o nosso perfil. Vamos ser organizados, equilibrados, mas também buscar o gol, fazer o adversário se preocupar com a gente", projeta o comandante.

Conceitos modernos em campo

Por trás do estilo simples, como destaca quem o acompanha no dia a dia, Ney da Matta adota conceitos modernos. "Tem que ter qualidade técnica, mas priorizo força e velocidade para dar a resposta. Talvez não sejamos tecnicamente melhores do que os times pelos quais passamos, mas aqui funciona muito o coletivo", avalia. "As peças de frente não são obrigadas a manter o setor até o fim do jogo. Elas podem se movimentar, o atacante vindo na beirada, o jogador da beirada passando para dentro. O que não pode é deixar espaço vazio", exemplifica.

Time boveta festeja volta à Série B
(Créditos: Asscom Boaec/Pakito)

Em campo, o Boa Esporte tem como esquema base o 4-3-3, com variações para o 4-1-4-1 e o 4-2-3-1 durante as partidas. Possibilidade aberta pela polivalência de alguns jogadores. "O (volante) Itaqui também joga como meia. Felipe Matheus é ala, meia e lateral". Característica valorizada pelo treinador. "Em todos os times, sempre procurei contratar jogadores que me dessem alternativas. Porque, de acordo com as situações do jogo, consigo mudar sem queimar uma substituição", completa.

'Rei do acesso' em Minas Gerais

Confirmado na vitória sobre o Botafogo/PB, há três semanas, o acesso é o terceiro alcançado pelo treinador desde 2006. "A receita é a montagem de grupo, contratando jogadores que preencham o perfil e trabalhar em um clube com boa estrutura física. Também foi o caso do Ipatinga (que subiu para a Série B em 2006 e 2011)", afirma Ney, cujas contas têm um quarto caso. "Em 2008, com o Ituiutaba. Eu considero". Décimo colocado da Série C naquele ano, o time garantiu vaga na edição seguinte, a primeira disputada por 20 clubes, devido à criação da Série D.

Comissão técnica no jogo do acesso
(Créditos: Asscom Boaec/Pakito/Edimar)

Curiosamente, a dois dias do jogo que pode marcar a maior conquista da carreira, Ney da Matta segue com futuro indefinido. "Meu contrato acaba neste sábado. Vai ser tudo (discussão sobre renovação) após a final", diz, mantendo o tom sereno. "Eu nem preocupei em falar disso agora, até para não perturbar esse jogo do fim de semana. Estamos vivendo um momento muito bom". Independente do resultado e do desfecho das negociações, o ipatinguense seguirá na história do Boa Esporte.

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