Cruzeiro: o time dos grandes desafios

Douglas Zimmer*

Salve, China Azul!

Depois da pré-temporada, que acaba junto com a primeira fase do Campeonato Mineiro, o torcedor cruzeirense sente um misto de entusiasmo e apreensão. Se por um lado a Raposa encontrou dificuldades em alguns jogos considerados fáceis, perdendo pontos de maneira displicente, por outro fez grandes partidas contra os adversários mais complicados que enfrentou até o momento.


Como bom otimista, prefiro ver o lado positivo das coisas, tendo certeza de que a parte que nos deixa com a pulga atrás da orelha pode ser corrigida com trabalho e dedicação. Um dos motivos para o Cruzeiro apresentar os melhores resultados nos compromissos mais difíceis talvez seja justamente a questão psicológica, o foco, a dedicação, a concentração. Sei que jogador nenhum entra em campo achando que o jogo já está vencido, mas, mesmo inconscientemente, a impressão que dá é de que esse time de Mano Menezes prefere os desafios maiores.

No sábado, Raposa venceu clássico
(Créditos: Washington Alves/Cruzeiro)

Coincidência ou não, as três melhores apresentações celestes neste ano foram diante de adversários que estarão na Série A do Campeonato Brasileiro. Contra a Chapecoense e contra o Atlético, por duas vezes, a equipe conseguiu impor seu ritmo e dominou as partidas sem sofrer maiores riscos. Claro que também houve as goleadas sobre o Tupi e sobre o São Francisco/PA, por exemplo, mas os placares acabam ficando em segundo plano devido à fragilidade dos adversários.

Chances criadas e desperdiçadas

Quando me refiro à falta de concentração, talvez o ponto que mais tenha me chamado a atenção durante os jogos fáceis, mas que o Cruzeiro acabou dificultando, foi a enorme quantidade de chances claras de gol desperdiçadas. Normalmente o time a ser enfrentado entra em campo muito recuado e, apesar das diferenças técnicas, as chances costumam ser escassas. Nesses casos, a Raposa muitas vezes mostrou uma falta de tranquilidade irritante quando não conseguiu resolver o jogo logo de cara. Abusou de ligações diretas e 'chuveirinhos', invariavelmente infrutíferos.

Ábila decidiu duelo contra o Nacional
(Créditos: Yuri Edmundo/Light Press/Cruzeiro)

Nessa terça-feira, por exemplo, após sair atrás no placar, o time conseguiu se impor, mas novamente teve dificuldades para transformar o domínio em resultado. Considerando que o Nacional é o vice-lanterna do Campeonato Paraguaio, a falta de calma e o uso excessivo das bolas esticadas tornaram a partida mais truncada do que deveria. Quando colocou a bola no chão, o meio-campo conseguiu dar velocidade ao jogo, mas, ironicamente, foi após uma ligação direta que Ábila ganhou do zagueiro na base da força, ajudando a equipe a superar a primeira batalha pelo título inédito.

É bom que a Raposa não tema os grandes desafios e os jogos decisivos. Mas, tão bom quanto isso, é que o grupo saiba encarar todos os obstáculos com a mesma vontade de vencer e de convencer para que não cheguemos ao final do ano usando o famigerado 'se' para avaliar nossa temporada.

Força, Cruzeiro!

*Gaúcho, apaixonado pelo Cruzeiro desde junho de 1986.
@pqnofx, dono da camisa 10 da seção Fala, Cruzeirense!

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