É preciso pensar grande, Cruzeiro!

Alexandre Oliveira*

Após decepcionar no início da temporada - perda do título estadual para o rival Atlético e eliminação para o Nacional, do Paraguai, na primeira fase da Copa Sul-Americana -, o Cruzeiro finalmente volta a viver um bom momento. A resposta para essa má fase tinha que vir na bola, e o time celeste está apresentando um futebol que pode não encher de brilho os olhos do torcedor, mas certamente está sendo preciso e cirúrgico.


O bom começo no Brasileiro mostra que a equipe finalmente vai se encaixando, e Mano Menezes vai conseguindo extrair o verdadeiro potencial de alguns jogadores. A volta de algumas peças importantes também contribuiu para esse crescimento de desempenho do time estrelado. Entre todos os jogadores que estão novamente à disposição do comandante, Ariel Cabral foi quem teve o retorno mais comemorado. O argentino tem feito boas partidas e controlado as ações no meio-campo celeste.

Thiago Neves: decisivo contra o Santos
(Créditos: Marcello Zambrana/Light Press)

Infelizmente, o Cruzeiro não terá a volta do meia Robinho para a partida contra a Chapecoense, na quinta-feira, válida pelas oitavas de final da Copa do Brasil. O meio-campista apareceria como uma boa alternativa, já que Arrascaeta será desfalque pelos próximos dois meses, mas ainda não está à disposição do treinador. Por sua vez, Thiago Neves tem intercalado péssimos jogos com boas apresentações. Resta-nos torcer para que o camisa 30 esteja em uma noite inspirada.

Duelo mais importante do ano

O confronto na Arena Condá será, até aqui, o mais importante da temporada para o Cruzeiro - os jogadores, pelo menos, precisam considerá-lo assim. Vimos na eliminação diante do Nacional, do Paraguai, um Cruzeiro apático, que pensou que chegaria à vitória sem maior esforço. Essa soberba, que custou caro à equipe estrelada naquele jogo, não pode estar presente em campo na noite desta quinta-feira.

Na ida, Cruzeiro derrotou a Chape
(Créditos: Washington Alves/Cruzeiro)

O clube catarinense vem se reestruturando após a tragédia na Colômbia e tem colecionado vitórias importantes - algumas delas valeram o inédito bicampeonato catarinense. Além do título estadual, a Chape tem vaga garantida na Copa Sul-Americana e é um dos líderes do Campeonato Brasileiro, superando Cruzeiro e Corinthians nos critérios de desempate. Liderança parcial conquistada com vitória convincente no clássico contra o Avaí, por sinal. É preciso estar atento.

Um bom resultado no Sul do Brasil é fundamental para que o Cruzeiro ainda consiga brigar por títulos em duas frentes. Elenco para disputar o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil, a Raposa tem. É preciso pensar grande, como é o Cruzeiro.

*Jornalista. Jogador no fim de semana, torcedor todo dia.
Titular do pagode e camisa 12 da seção Fala, Cruzeirense!


Do pânico após a marcação do pênalti à euforia por defesa, camisa 1
Victor mudou os rumos da história do Atlético e de vários torcedores

Vinícius Dias

As máscaras que dominavam a Arena Independência desde o apito inicial do duelo contra o Tijuana se transformaram na expressão do sentimento dos atleticanos quando Leonardo Silva cometeu pênalti aos 48' da etapa final: pânico. Riascos bateu no centro. Victor caiu para a direita, mas ergueu o pé esquerdo, impedindo a bola de estufar as redes e deixando o time alvinegro a quatro jogos do sonho. A defesa que mudou os rumos do Atlético, nas quartas de final da Libertadores de 2013, também inspirou histórias de torcedores. O Blog Toque Di Letra narra três delas a seguir.


Após quatro anos de tentativas e diagnósticos de infertilidade, a assistente social Sofia Alves de Freitas recebeu, em julho de 2014, a notícia de que seria mãe. O trato, em meio a uma gravidez de alto risco, era de que o marido Fernando escolheria o nome caso fosse um menino. "Na 13ª semana, descobrimos... 13 é Galo. Ele disse: 'nosso milagre vai se chamar Vitor'", recorda a belorizontina, de 37 anos. As semanas seguintes foram marcadas pela angústia: sangramentos, ruptura do colo do útero na 22ª, perda de líquido amniótico devido a um problema na placenta na 28ª.

Vitor Augusto venceu batalha pela vida
(Créditos: Arquivo Pessoal/Sofia de Freitas)

Vitor Augusto veio ao mundo em parto realizado por uma médica atleticana, no dia 27 de dezembro. A data marcou o início de uma nova batalha. "Meu guerreiro logo teve parada cardiorrespiratória e precisou ser ressuscitado e intubado. Aos três dias, teve sepsemia, que só conseguiu vencer após mais de dez dias de antibiótico", revela Sofia. A lição para superar dois meses na UTI veio justamente do xará. "No pênalti, vimos que, com fé, não há o impossível. Acreditamos que ele ia pegar a bola e acreditamos que meu filho viveria". Hoje, Vitor tem dois anos e cinco meses.

Com os pés: Victor como Victor

Tal como ocorreu com Victor Bagy, os pés marcaram a história de Victor Ianini. "Ele se chamaria Bernardo, em referência ao Bernard. Mas, enquanto eu ouvia a reprise da narração do Mário Caixa, Daiana (mãe) se aproximou para eu ver o quanto ele chutava a barriga dela", lembra o pai Samuel. "Quando abaixei o som para ver, parou. Fiz cara de decepção, e ela se virou para sair da sala. Aumentei e, quando o Caixa gritou 'Victor, Victor...', ele voltou a chutá-la. Fizemos testes com gols de outros atletas. Nada ocorreu. Tivemos a certeza de que ele havia escolhido o próprio nome".

Victor Ianini: nome definido pelos pés
(Créditos: Arquivo Pessoal/Samuel Ianini)

Prestes a completar três anos, o garoto ainda desconhece as coincidências que explicam seu nome. "Mas já é atleticano de coração, como o pai, o avô, o bisavô. A camisa do, como ele diz, Galo Doido é certa em dias de jogos do Atlético", comenta Samuel, de 29 anos, CEO de uma empresa do ramo de tecnologia. De acordo com o itabiritense, o filho dá sinais de que pode vir a ser goleiro. "Ainda é cedo. Mas, no futebol, prefere que chutemos para ele defender. Altura, diferentemente do pai, ele tem. Quem sabe, em dez anos, o Galo terá um novo Victor debaixo das traves?", brinca.

O grande sonho virou realidade

Curiosamente, a carreira do protagonista Victor não é a única que pode ser dividida em antes e depois de 30 de maio de 2013. Um exemplo disso é o cineasta carioca Mauro Reis, mais conhecido como Lobo Mauro. "(Aquela defesa) me fez voltar a querer produzir filmes. Foi um Big Bang profissional, mudança de direção. Antes, eu estava totalmente voltado para cinema e educação", ressalta. De sua autoria, o curta-metragem Quando sesonha tão grande, a realidade aprende venceu duas etapas do 5º Cinefoot e conquistou o prêmio Guirlande d'Honneur, na Itália, em 2014.

Camisa 1 foi herói nos pênaltis em 2013
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Na caminhada rumo ao título da Copa Libertadores, Lobo Mauro e outros milhões de torcedores ainda assistiram a novas cenas de um camisa 1 decisivo em penalidades. Nas semifinais diante do Newell's Old Boys, da Argentina, a cobrança do meio-campista Maxi Rodríguez parou nas mãos de Victor, àquela altura já canonizado pelos atleticanos. Na decisão contra o Olimpia, do Paraguai, o camisa 1 interceptou o chute do zagueiro Miranda. Pela primeira vez na história, o Atlético pintava o continente de preto e branco. Uma conquista que começou com o pé-esquerdo.


Bicampeã catarinense pela primeira vez na história, Chapecoense
vem superando os principais desafios do processo de reconstrução

Vinícius Dias

No dia 29 de novembro de 2016, o Brasil acordou em estado de choque. O destaque no noticiário era o acidente aéreo, na Colômbia, que havia deixado 71 mortos: a expectativa pela primeira decisão internacional dava lugar ao capítulo mais triste da história da Chapecoense. Por trás dos números, o fim da trajetória de jornalistas, dirigentes, membros da comissão técnica e atletas que Chapecó havia transformado em ídolos. Passados seis meses da tragédia, no entanto, o torcedor do Oeste catarinense volta a ter motivos para comemorar.


"Chapecó abraçou todos os profissionais que chegaram aqui neste ano, entendendo o momento do clube e o quanto seria importante que tivéssemos apoio para desenvolver um bom trabalho. Felizmente, as coisas estão andando até mais do que esperávamos", destaca ao Blog Toque Di Letra o treinador Vagner Mancini, que, há três semanas, conduziu o Verdão ao primeiro bicampeonato estadual de sua história. Desde a apresentação na Arena Condá, o paulista esteve à frente da equipe em 33 partidas oficiais, com 58,6% de aproveitamento.

Chapecoense festeja bi estadual inédito
(Créditos: Sirli Freitas/Flickr/Chapecoense)

Frutos colhidos em meio a um desafiador processo de reconstrução. "Não era somente montar uma equipe de futebol. Era reconstruir todo o departamento de futebol. Mas alguns clubes, inclusive Atlético, Cruzeiro e, principalmente, o Palmeiras, estenderam as mãos para a gente", relembra. Discurso semelhante ao adotado pelo diretor-executivo Rui Costa, no início da temporada, ao comentar a relação com a dupla mineira. "Os dois clubes, objetivamente, têm sido bastante parceiros", exaltou um dos personagens-chave da nova Chapecoense.

Dificuldades nos primeiros dias

A princípio, no entanto, nem tudo foram flores no Verdão. "Os primeiros dias de trabalho foram difíceis. É complicado se reerguer depois de tudo o que aconteceu, entrar na Arena Condá e lembrar da festa que era feita lá e dos amigos que não estão mais aqui", comentou, em março, o zagueiro Fabrício Bruno. Formado nas categorias de base do Cruzeiro, o defensor, de 21 anos, está emprestado pelo clube celeste aos catarinenses até o fim da temporada. A situação é semelhante à de Douglas Grolli. Pelo mesmo período, o Atlético cedeu o meia-atacante Dodô.

Vagner Mancini: 58% de aproveitamento
(Créditos: Sirli Freitas/Flickr/Chapecoense)

As comparações com o elenco do ano passado foram um dos desafios superados. "No começo, houve. Infelizmente, o fato de a Chapecoense ter perdido um time inteiro, parte da diretoria e da comissão técnica fez com que a torcida sentisse muito", avalia Vagner Mancini. "Eles queriam performance rapidamente e, felizmente, isso também aconteceu. O que nos deixa muito seguros de que estamos fazendo um excelente trabalho, todos aqueles que aqui estão, porque não é fácil", argumenta o treinador, que, hoje, vê o time abraçado e alavancado pelas arquibancadas.

Libertadores e volta a Medellín

Além do título estadual, conquistado três dias antes de o Verdão completar 44 anos, o primeiro semestre de reconstrução foi marcado por grandes momentos, como a boa campanha na Libertadores e os encontros com o Atlético Nacional, de Medellín, cidade para a qual a delegação se deslocava no momento da tragédia. "A gente conseguiu montar um time competitivo. Fizemos uma Libertadores muito boa, ganhamos a vaga às oitavas de final dentro de campo", pondera o comandante, citando a punição aplicada pela Conmebol, decisão da qual o clube recorrerá.

Verdão encarou o Atlético, em Medellín
(Créditos: Sirli Freitas/Flickr/Chapecoense)

O bom desempenho de uma equipe montada há cerca de cinco meses surpreende até mesmo a quem acompanha o dia a dia do futebol catarinense. "O grupo entrosou muito rápido. Eu não esperava. Ninguém esperava, aliás. Todo mundo teria que ter um pouco de paciência", recorda Rui Guimarães, comentarista da Rádio Guarujá, de Florianópolis. "(Um dos segredos) foi o comprometimento do grupo em função da tragédia. Chapecó é uma cidade muito acolhedora. Tem 200 mil habitantes, mas é uma família", completa. Família unida pelo verde da esperança.

Participação no Meio de Campo

Da Redação

O editor-chefe do Blog Toque Di Letra, Vinícius Dias, será um dos convidados do programa Meio de Campo, da Rede Minas, neste domingo. O apresentador Orlando Augusto também receberá os jornalistas Paulo Azeredo, da Rádio Inconfidência, Dimara Oliveira, da TV Band Minas, e Rui Guimarães, da Rádio Guarujá/SC. A atração vai ao ar às 21h.

Orlando Augusto comanda o programa
(Créditos: Meio de Campo/Divulgação)

Estarão em pauta a 3ª rodada do Campeonato Brasileiro, com destaque para os confrontos entre Atlético x Ponte Preta e Cruzeiro x Santos, neste domingo, a vitória do América sobre o Criciúma na Série B e a participação dos clubes mineiros nas oitavas de final da Copa do Brasil.

Acompanhe o programa

O Meio de Campo vai ao ar neste domingo, a partir das 21h, e pode ser acompanhado por TV a cabo (em BH) e sinais analógico e digital. Também haverá transmissão, ao vivo, pela internet. O telespectador pode participar por meio do Whatsapp: (31) 99343-7448.


Ideia agrada ao presidente do Conselho Deliberativo, que pretende
colocá-la em pauta; segundo encontro de jovens ocorrerá em junho

Vinícius Dias

Visando impulsionar a participação de jovens cruzeirenses nas atividades do Conselho Deliberativo do clube, um grupo de conselheiros e suplentes tem se articulado e debatido ideias nos bastidores. O primeiro encontro sobre o tema aconteceu na noite de 18 de maio, no Parque Esportivo do Barro Preto, e contou com nove participantes. Uma nova reunião está agendada para o dia 06 de junho. A expectativa é de que, em breve, seja chancelada a criação de uma comissão de jovens.


Embora não tenha entrado em detalhes, o presidente do Conselho Deliberativo celeste, João Carlos Gontijo de Amorim, demonstrou simpatia pelo projeto. "É importante, uma ideia muito boa. Nós temos que trabalhar a juventude", afirmou ao Blog Toque Di Letra. "Naturalmente, será colocada em discussão nessas próximas reuniões do Conselho", completou, pontuando que a criação da comissão, destinada a acompanhamento, não asseguraria direitos adicionais a seus integrantes.

João Carlos ao lado do presidente Gilvan
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Um dos pré-requisitos para participação nos encontros do grupo é ter nascido a partir de 1980. A princípio, os idealizadores mapearam 28 nomes que atendem à exigência - cinco conselheiros natos, 12 associados conselheiros e 11 suplentes. Na abertura dos trabalhos, nove dos convocados marcaram presença. "Essa reunião não terá cunho político, e a nossa intenção é ampliar a nossa voz dentro do Conselho Deliberativo", antecipava trecho de uma das mensagens compartilhadas.

Acompanhamento e capacitação

A proposta é baseada no conceito de mentoring. O organograma prevê, inicialmente, três funções de acompanhamento e duas suplências. O presidente acompanharia as atividades dos conselhos Fiscal e Deliberativo, além das demandas dos clubes sociais. Um membro ficaria responsável pelo relacionamento com o Conselho Deliberativo, outro com o Conselho Fiscal - ambas as funções teriam suplentes nomeados. As experiências seriam compartilhadas com o restante da comissão.

Projeto visa capacitar novas lideranças
(Créditos: Site Oficial do Cruzeiro/Divulgação)

Na reunião de 06 de junho, devem ser discutidas as primeiras pautas dos jovens para apresentação ao Conselho Deliberativo. Os objetivos foram traçados a partir da expectativa de que, até 2026, o Conselho cruzeirense seja o mais participativo do cenário nacional. Nesse sentido, a tendência é de que, para participação no grupo, seja fixado índice mínimo de presença em reuniões do órgão. Outra possibilidade de pré-requisito levantada é de que os jovens integrantes sejam sócios do futebol.

Evolução coletiva x erros individuais

Vinícius Dias

"Poucos times vão ganhar deles, e nós vencemos". Foram essas as palavras utilizadas pelo Paraná, nas redes sociais, para resumir a vitória sobre o Atlético: 3 a 2 no confronto de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, nessa quarta-feira, diante de mais de 19 mil torcedores no Couto Pereira. Casa cheia para o jogo mais importante da história recente do clube, e comemoração após o apito final. No reencontro depois de quase dez anos, o tricolor, da defesa sólida, levou a melhor diante do alvinegro, de ataque avassalador, em noite de gala.


O Atlético deu o recado logo aos três minutos: passe de Felipe Santana, finalização de Robinho, defesa do ótimo goleiro Léo Vieira. O gol saiu aos 8', com Elias, após cobrança de escanteio. Na 26ª partida no ano, era o 10º gol sofrido por um Paraná que desarmava bem, mas tinha dificuldades para construir as jogadas. O primeiro bom avanço foi interrompido com falta: cobrança de Guilherme Biteco, falha de Victor e empate aos 19'. O tricolor cresceu, passou a incomodar mais, mas o time de Roger Machado seguiu tendo e desperdiçando as melhores chances.

Paraná derrotou o Atlético por 3 a 2
(Créditos: Bruno Cantini/Flickr/Atlético-MG)

Panorama mantido na etapa final. Aos três, cabeçada de Fred, defesa de Léo. Aos 11', contra-ataque, de Cazares para Robinho, dele para o gol. Duro golpe que marcou o início da reação paranista. Felipe Alves deixou o banco de reservas para, na primeira participação, completar para as redes o cruzamento de Robson. Empate aos 19 minutos, virada aos 28', aproveitando os espaços oferecidos pelo Atlético: chute de Biteco, nova falha de Victor. Quinto triunfo do Paraná em nove jogos contra times da Série A, segunda derrota alvinegra em quatro dias.

Basta ao Atlético uma vitória no Horto, mas o alerta está ligado.
Os erros individuais superaram a evolução coletiva nessa quarta.


Número de lesões musculares caiu 74,3% em relação à temporada
anterior; 'Brasil é referência mundial na área', afirma fisiologista

Vinícius Dias

O empate por 0 a 0 entre Paços Ferreira e Marítimo, no último sábado, teve sabor de vitória para Matheus Fontes. Mesmo não tendo entrado em campo em nenhuma das 34 rodadas do Campeonato Português, o belorizontino, de 33 anos, foi decisivo para que os Leões da Madeira voltassem a conquistar uma vaga na Liga Europa após cinco temporadas. Primeiro fisiologista da história do clube, o profissional agora colhe os frutos de um projeto inovador no futebol lusitano. "Trabalhar em Portugal tem sido uma experiência enriquecedora", destaca ao Blog Toque Di Letra.


Matheus Fontes chegou ao Marítimo no início da temporada 2016/2017, a convite de Paulo César Gusmão. "Acertamos que faríamos uma grande modernização no clube. Foi adquirido e implementado o sistema de GPS e termografia, trouxemos equipamentos de ponta. O Marítimo foi o único clube português a aplicar a termografia, além de criar um banco de dados sobre carga de treinamentos e demanda de jogos", revela. Após quatro derrotas em cinco rodadas, no entanto, o treinador foi demitido. "Com a chegada do Daniel Ramos, o objetivo era seguir na elite", emenda.

Matheus Fontes em jogo do Marítimo
(Créditos: Arquivo Pessoal/Matheus Fontes)

O sucesso foi além do sexto lugar, coroando a segunda melhor campanha na década. "De 35 lesões musculares na última temporada, tivemos nove neste ano", comemora o fisiologista. "Com o monitoramento sistemático e individualizado, foi possível estabelecer valores para diversos parâmetros. Quando um atleta apresentava desequilíbrio de carga, a comissão técnica era alertada, os dados cruzados e, consequentemente, o treinamento modificado ou retirado para evitar a lesão. Esse diálogo foi fundamental para que a incidência de lesões diminuísse".

Experiências em Brasil e Portugal

Os 12 meses no futebol português foram suficientes para Matheus Fontes notar diferenças em relação ao Brasil. "Em Portugal, discute-se muito o jogo, ações táticas, comportamento dos atletas nas fases de defesa, ataque e transições. Os padrões são analisados por treinadores e imprensa, mas o aspecto físico muitas vezes não é levado em consideração", detalha. "Entretanto, foi muito interessante perceber que, na ciência do esporte, existe uma lacuna grande. É um campo de atuação a ser desbravado. O Brasil é uma referência mundial nessa área".

Brasileiro implantou banco de dados
(Créditos: Arquivo Pessoal/Matheus Fontes)

No Marítimo, o fisiologista teve a oportunidade de trabalhar com um elenco formado por jogadores de 14 nacionalidades - ao longo da temporada, 13 brasileiros foram acionados. Número recorde em 11 anos de carreira, incluindo passagens pelas ligas chinesa e dos Emirados Árabes. "A experiência aqui me mostrou, principalmente, que no Brasil é preciso apenas um pouco de organização e maior diálogo entre os profissionais para voltarmos a ser referência", garante o belorizontino, que, no futebol nacional, trabalhou em clubes como Botafogo e Cruzeiro.


Algoz alvinegro em 1998, time paranaense chega a mata-mata com
64% de aproveitamento em 2017 e sem sofrer gols há sete partidas

Vinícius Dias

Na noite desta quarta-feira, diante do Paraná, o Atlético inicia a caminhada em busca do bicampeonato da Copa do Brasil. O embate no Couto Pereira marcará o reencontro entre tricolores e alvinegros após quase dez anos. O último duelo entre as equipes aconteceu na 34ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2007: 0 a 0, no Mineirão, no dia 31 de outubro. Rebaixado naquele ano, o clube paranaense segue fora da Série A, mas chega às oitavas de final com bons números.


Atualmente comandado pelo jovem técnico Cristian de Souza, o Paraná disputou 25 partidas neste ano: 13 vitórias, nove empates e três derrotas. O aproveitamento de 64% é o quinto melhor entre os clubes que disputam a Série B - em casa, foram nove vitórias e cinco empates em 14 jogos. Com apenas nove gols sofridos, o tricolor ainda tem a melhor defesa. O goleiro Léo Vieira foi vazado pela última vez no clássico diante do Atlético/PR, pelas quartas de final do estadual, no dia 02 de abril.

Paraná está invicto como mandante
(Créditos: Robson Mafra/Paraná Clube)

"Será o maior jogo da história recente do clube", assegura o jornalista Guilherme Moreira, responsável pela cobertura do futebol paranaense no Lance! "Os últimos jogos com apelo nacional foram diante do Palmeiras, em 2012 (nas oitavas de final da Copa do Brasil) e 2013 (na Série B)", relembra. A expectativa da diretoria do Paraná é de que as arquibancadas do Couto Pereira recebam mais de 15 mil torcedores nesta quarta-feira - o recorde tricolor na temporada é de 13 mil.

Grande evento no Couto Pereira

A mobilização em torno das oitavas de final teve início na semana passada. "O clube vem promovendo o evento nas redes sociais, mídia e com coletivas. Nessa segunda-feira, por exemplo, as taças dos paranaenses de 1991 e 1996, conquistadas no Couto Pereira, estiveram ao lado da diretoria, do atual capitão Brock e de Renaldo, ex-atacante de Paraná e Atlético", comenta o jornalista. Com a camisa alvinegra, Renaldo disputou 183 jogos e marcou 79 gols, dois deles contra o tricolor.

Coletiva sobre o duelo nessa segunda
(Créditos: Paraná Clube/Twitter/Divulgação)

A partida será a 21ª entre os clubes: desde 1995, foram oito vitórias para cada lado e quatro empates. Na Copa do Brasil, o retrospecto é favorável ao Paraná, que levou a melhor em 1998. "Difícil (repetir), mas possível. O time tem uma defesa consistente e sofreu apenas um gol como mandante na temporada. É bom considerar que ainda não enfrentou um ataque poderoso como o do Galo. O maior problema é o setor ofensivo, que não se acertou e tem muita rotatividade de atletas", analisa Moreira.


Nos bastidores, equipes discutem alternativas de formatos e datas
para torneio; eliminados, catarinenses querem revisão de estadual

Vinícius Dias

Depois de uma primeira fase marcada pela escalação de times alternativos nesta edição, a Copa da Primeira Liga deverá ter mudanças para a próxima temporada. Nos bastidores, o modelo atual é visto com ressalvas, e dirigentes dos clubes filiados já discutem alternativas de formatos e datas para a disputa. Com diretos de transmissão negociados até 2019, outro tema em pauta é a internacionalização da competição, que atualmente conta com representantes de seis estados.


Uma das ideias apresentadas neste sentido, conforme o Blog Toque Di Letra apurou, foi a de transformação da Copa da Primeira Liga em torneio sub-23. "Alguns países europeus, como a Alemanha, têm como foco atletas mais jovens e, por isso, não acompanham tanto as competições do Brasil. Nesses moldes, emissoras estrangeiras poderiam adquirir e transmitir no exterior, justamente para que acompanhem as promessas do futebol nacional", argumenta um interlocutor.

Torneio deve ser reformulado em 2018
(Créditos: Luiz Henrique/Flickr/Figueirense F.C.)

Bem vista por Cruzeiro e Atlético, a proposta divide opiniões na entidade. Entre os clubes que inicialmente se mostraram reticentes, uma das ponderações é de que a limitação de idade poderia, na prática, resultar em menor aceitação por parte dos torcedores brasileiros.

Pré-temporada e Copa do Mundo

Com jogos entre janeiro e outubro nesta edição, a Copa da Primeira Liga deverá ter menor duração no próximo ano. "Teria que ser renovada e, principalmente, criada a condição de um torneio novo, em uma fase em que não haja coincidência com campeonatos em andamento", comenta o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior. Entre as possibilidades discutidas estão a disputa de junho a julho, aproveitando a pausa no calendário para a Copa do Mundo, e no período de pré-temporada.

Primeira Liga teve clássico em fevereiro
(Créditos: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro)

Recentemente, o mandatário tricolor apresentou uma sugestão elaborada pelo coordenador técnico Valdir Espinosa. "Seria com mais clubes, ao estilo do que existe na Itália, disputado em 45 minutos na pré-temporada", revela Bolzan. No país europeu, o torneio tem duração de um dia e reúne três equipes, que disputam dois jogos de 45 minutos cada. Triunfo no tempo regulamentar vale três pontos. Em caso de empate, há pênaltis, com dois pontos para o vencedor e um para o derrotado.

Revisão do Catarinense em pauta

Entre os catarinenses, já eliminados, a prioridade é a revisão da fórmula do estadual. "Temos 20 datas. Isso não deu condição de os clubes jogarem com os titulares", pondera Francisco Batistotti, presidente do Avaí e vice da Primeira Liga. "A federação já sabe que a proposta do Avaí é fazer com 16 datas", antecipa. O Leão faturou cerca de R$ 750 mil por três jogos da Copa, contra cerca R$ 650 mil por três meses de estadual. Casso tivesse avançado às quartas, haveria premiação extra.


Argentino soma 42 desarmes e três assistências em 18 duelos nesta
temporada; média é superior à dos dois primeiros anos de Cruzeiro

Vinícius Dias

Desfalque na reta final do Mineiro e na estreia no Brasileirão, Ariel Cabral está de volta aos planos no Cruzeiro. Recuperado de trauma na região pélvica sofrido no dia 19 de abril, diante do São Paulo, em duelo pela quarta fase da Copa do Brasil, o camisa 5 será um reforço de peso para a sequência. Condição justificada pelos números. Mesmo fora das últimas seis partidas, Ariel se manteve como líder do elenco em desarmes: foram 42 em 18 atuações, com média de 2,3 por jogo, segundo o Footstats.


Embora tenha antecipado a presença do volante na lista de relacionados para o confronto com o Sport, neste domingo, na Ilha do Retiro, Mano Menezes manteve a dúvida sobre o time titular. "Estou satisfeito com Hudson, Henrique e os outros jogadores. Mas, enquanto Ariel jogou, também estava plenamente satisfeito com a produção dele", pontuou o treinador, citando outro ponto forte do argentino. "É um pouco mais segundo jogador de meio-campo, participa mais da armação das jogadas".

Ariel: presença defensiva e ofensiva
(Créditos: Lucas Bois/Light Press/Cruzeiro)

Considerado um dos principais passadores da equipe celeste, o camisa 5 somou três assistências nas 18 apresentações em 2017, superando as estatísticas das duas primeiras temporadas pelo clube. "Mano pede para eu estar sempre preparado taticamente e começar a jogar, no ataque e também ajudando a defesa. Estou fazendo isso, buscando melhorar jogo a jogo", destacou Ariel, em março, antes do confronto de volta com o Murici, válido pela terceira fase da Copa do Brasil.

Ariel ano a ano - dados do Footstats:

2017 - 18 partidas - 42 desarmes / 3 assistências
2016 - 46 partidas - 73 desarmes / 0 assistência
2015 - 19 partidas - 32 desarmes / 1 assistência


Em quatro meses, foram contabilizados 17 casos no Brasil; número
corresponde a 85% do total registrado durante a última temporada

Vinícius Dias

De janeiro a abril, o futebol brasileiro registrou, em média, um caso de racismo por semana. Resultado de levantamento do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, ao qual o Blog Toque Di Letra teve acesso com exclusividade, os números apontam o recorde de denúncias em um início de temporada desde 2014, ano de criação da entidade. Foram 17 incidentes nos primeiros 120 dias - quatro por meio de redes sociais/TV e 13 em estádios, em sete estados diferentes. A lista de vítimas inclui jogadores, treinadores, funcionários de estádios e torcedores.


"O maior problema é que o Brasil é um país racista, mas não se assume como tal. Atos racistas e atitudes preconceituosas se tornaram tão normais em nosso dia a dia que nem os consideramos mais uma violência", analisa Marcelo Carvalho, diretor-executivo do Observatório. "Algumas expressões já não são mais ditas graças à luta de centenas de movimentos que combatem a discriminação racial, mas outras expressões resistem disfarçadas de brincadeiras ou apelidos. É preciso dar mais importância ao que dizem as vítimas, e não a quem comete o racismo", emenda.

Entidade luta contra racismo desde 2014
(Créditos: Observatório da Discriminação/Arquivo)

Discurso corroborado pelo historiador Thiago Costa. "Negar a existência da violência, silenciando o problema, também pode ser considerado uma forma de coerção da informação", pontua o coordenador do Museu Brasileiro do Futebol, no Mineirão. "Vivemos em uma sociedade que, de modo geral, cultua a violência em várias formas. O esporte está inserido nela, e não é somente prática esportiva, é prática social, de lazer e de cultura. Assim, a segregação que ocorre na sociedade desde os períodos mais antigos também é refletida no esporte", acrescenta.

Falta de ações é ponto negativo

Em breve, o Observatório da Discriminação Racial no Futebol fará o lançamento do relatório referente ao último ano. Foram elencados 27 casos, sendo sete ocorridos na internet e 20 em estádios - cinco em São Paulo, estado recordista, e pelo menos um por região do país. "Os números de 2016 são muito parecidos com os de 2014, primeiro ano do relatório, e sinalizam que a diminuição em relação a 2015 (35 casos) foi apenas casual, o que fica evidente com o crescimento absurdo dos números nesses primeiros meses de 2017", revela Marcelo Carvalho.

(Arte: Vinícius Dias/Blog Toque Di Letra)

Para o diretor-executivo, um dos pontos negativos é a falta de ações por parte de clubes e instituições públicas e privadas ligadas ao esporte. "Estão preocupados apenas em apagar os focos de incêndio e esconder o problema ou fingir que ele não existe", aponta. De janeiro a abril deste ano, a entidade também registrou casos de racismo no vôlei e no futebol americano, além de homofobia e xenofobia no futebol. "O Brasil vive um momento perigoso. A violência e o ódio às minorias estão evidentes em todos os lugares, sem constrangimento algum de quem os pratica", lamenta.

Futebol mineiro na 3ª colocação

De 2014 a 2016, Minas Gerais foi o terceiro estado com maior número de denúncias de racismo: seis, ao lado de Paraná e Santa Catarina - superados apenas por São Paulo, com 11 casos, e o líder Rio Grande do Sul, com 17. Um novo incidente ocorreu no estadual deste ano. De acordo com a súmula do jogo entre URT e Caldense, válido pela 1ª rodada, foi registrado "boletim de ocorrência por suposta injúria racial ao treinador da Caldense, Thiago Oliveira". O crime de injúria racial tem punições previstas no Código Penal e no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

Marcelo Carvalho, em evento, com Tinga
(Créditos: Observatório da Discriminação/Arquivo)

Em meio à 15ª Semana Nacional de Museus, o tema estará em pauta no Museu Brasileiro do Futebol, no Mineirão, neste sábado. "Elegemos três grandes silêncios do futebol: machismo, diversidade sexual e racismo", destaca o coordenador Thiago Costa. Marcelo Carvalho será um dos participantes. "O exercício de refletir e debater sobre esses temas ajuda na troca de experiências e aprendizados para pensarmos em uma sociedade que respeite mais as diferenças. Portanto, a ideia central nessa semana é dar voz a esses grupos", completa, na esperança por dias melhores.